Índios do
Brasil
“ Não chores, meu filho!
Não chores, que a vida é luta
renhida:
Viver é lutar! A vida é combate
Que aos fracos abate. Que aos fortes,
aos bravos
Só pode exaltar!” ( Gonçalves Dias – Canção
do Tamoio)
Não chores,
meu filho. Não grites, que a vida
Não faz mais
sentido. Viver é lutar?
A vinda do
branco, da pinga e da gripe,
Do padre e
pastor nos fizeram mudar!
Adeus Kikyo,
Jacy e Tupã.
Adeus às
caçadas, nós temos cartão!
A terra da
caça, outrora prendada,
Já está arrendada,
índio não vai lá.
Identidade?
Com quem? Perdidos no tempo,
No espaço,
na net. Conectados c’o mundo,
Índio
erudito, batoque no umbigo,
Não faz mais
sentido usar o cocar!
Raoni no
Senado, Juruna gravando,
Funai
prometendo, governo empurrando.
“ E a mãe nessas tabas querendo
calados
Os filhos criados na lei do terror...”
Assiste ao
suicídio dos filhos sem rumo,
Dos filhos
viciados, no álcool, no fumo,
Assiste ao
declínio da raça e da vida,
Trocando a
cultura pelo cartão do SUS,
Da roça e do
peixe, pela televisão.
De tantas,
as tribos, do Norte ao Chuí,
Já algumas
extintas e outras por vir,
Donas do
Brasil, antes de Portugal,
Já tanto
sofridas, nem sabem quem são.
O Índio
queimado pelo branco aleijado,
Destino
selado? Futuro incerto
Nas mãos da ambição?
“ E cai como o tronco do raio tocado
Partido, rojado por larga extensão.”
Assim morre
um índio.
Assim morrem
tribos, tocadas, feridas
Por larga
exclusão.
No passo da
morte, triunfam?
Conquistam
mais alto brasão?
(imagens da Internet - Google imagens)