domingo, 24 de junho de 2012


Índios do Brasil



Não chores, meu filho!
Não chores, que a vida é luta renhida:
Viver é lutar! A vida é combate
Que aos fracos abate. Que aos fortes, aos bravos
Só pode exaltar!” ( Gonçalves Dias – Canção do Tamoio)

Não chores, meu filho. Não grites, que a vida
Não faz mais sentido. Viver é lutar?
A vinda do branco, da pinga e da gripe,
Do padre e pastor nos fizeram mudar!
Adeus Kikyo, Jacy e Tupã.
Adeus às caçadas, nós temos cartão!
A terra da caça, outrora prendada,
Já está arrendada, índio não vai lá.

Identidade? Com quem? Perdidos no tempo,
No espaço, na net. Conectados c’o mundo,
Índio erudito, batoque no umbigo,
Não faz mais sentido usar o cocar!
Raoni no Senado, Juruna gravando,
Funai prometendo, governo empurrando.

“ E a mãe nessas tabas querendo calados
Os filhos criados na lei do terror...”
Assiste ao suicídio dos filhos sem rumo,
Dos filhos viciados, no álcool, no fumo,
Assiste ao declínio da raça e da vida,
Trocando a cultura pelo cartão do SUS,
Da roça e do peixe, pela televisão.

De tantas, as tribos, do Norte ao Chuí,
Já algumas extintas e outras por vir,
Donas do Brasil, antes de Portugal,
Já tanto sofridas, nem sabem quem são.


O Índio queimado pelo branco aleijado,
Destino selado? Futuro incerto
Nas mãos da ambição?



E cai como o tronco do raio tocado
Partido, rojado por larga extensão.”
Assim morre um índio.
Assim morrem tribos, tocadas, feridas
Por larga exclusão.
No passo da morte, triunfam?
Conquistam mais alto brasão?

(imagens da Internet - Google imagens)